Esta afirmação de Jesus, extremamente contundente para os seus ouvintes, é feita após um novo pedido de “sinal” pelos Judeus, depois do Senhor expulsar do templo os vendedores e cambistas. “Quem é você e que autoridade tem, para fazer o que fez” (v. 18)? Eles reconhecem a importância do ato. Pedem um visível atestado da sua autoridade.
Jesus responde com uma metáfora, que se transformaria em uma doutrina, de tão profunda que ela é: “O meu corpo é o templo. E este corpo ressuscitará em três dias” (v. 19).
Quando o Senhor responde à Samaritana, à beira do poço de Jacó, sobre qual seria o “lugar” certo para adorar a Deus, se no Monte Gerizim ou em Jerusalém, a resposta de Jesus defini a adoração como um conceito subjetivo. Não importa o local, mas sim a atitude interior.
O apóstolo Paulo desenvolve este conceito nas cartas aos Efésios (2:21), em 1ª Coríntios (3:16,17 e 6:14-16; 19) e em 2ª Coríntios (6:16).
Hoje existe uma pergunta muito parecida com a da Samaritana. Onde a adoração acontece? No templo ou na igreja? É no ambiente, no local, na liturgia “tradicional” (porque ela não existe. Foi sempre copiada de alguém), na parede preta, nas luzes ou no estilo musical?
Na época de Jesus, Templo era o único local de adoração. Já a igreja (ekklesia), era a principal assembleia da democracia ateniense na Grécia Antiga. Foi criada por Sólon em 594 a.C. A Eclésia abria suas portas para todos os cidadãos para que se nomeassem e votassem magistrados e estrategos, para que se tivesse a decisão final acerca de legislação, guerra e paz; e para que os magistrados respondessem por seus anos no cargo.
Não tenho a intenção de me aprofundar neste assunto. Mas Jesus disse que Ele edificaria a sua própria Ekkesia, em Mt. 16:18. No meu ponto de vista, a utilização de um termo que continha um caráter político e secular, tinha mais a ver com a questão de um ajuntamento para um propósito. E qual seria este propósito? Comunhão com Deus e uns com os outros. Em João 17, Jesus ora por esta comunhão e ela é revelada nas primeiras ações da igreja primitiva, registrada principalmente em Atos 2:42-47.
Apenas para colocar os pingos nos “is”, a igreja (prédio) não é local de adoração. É o lugar do adorador. A adoração não é pública. É particular. A igreja (prédio) não é um fim em si mesma, mas um lugar para ajuntamento de adoradores. O Culto não deve ser dirigido às pessoas, mas à adoração a Deus. O grupo de louvor não tem a prerrogativa de “elevar” crentes à adoração. Eles devem adorar a Deus. As músicas devem ser escolhidas com este objetivo. E aos crentes cabe a responsabilidade de adorar ao Senhor individualmente. A mensagem não é para “abençoar” aos ouvintes, mas para ensinar a Palavra, revelar o sacrifício de Cristo e constranger às pessoas à mudança de vida.
Por quê? Porque tudo acontece dentro de nós. Nós somos o templo. A fé é um processo subjetivo. Necessariamente não existe a necessidade de qualquer manifestação emocional ou corporal para indicar que alguém está adorando a Deus. Se estão de olhos fechados ou abertos. Se mantem as mãos levantadas ou abaixadas.
A membresia na igreja (denominação) não garante o nome escrito no Livro da Vida. O número de membros, não reflete o número de discípulos.
Querido amigo, pastor. Esta reflexão de hoje, não tem por objetivo colocar qualquer tipo de peso sobre a sua vida e nem mesmo criticar qualquer pessoa ou método. Mas simplesmente provocar a uma reflexão pura e sincera a respeito do que se ensina hoje sobre o “ser igreja”.
Olhando para trás, na minha trajetória, já cedi inúmeras vezes a conceitos que me levaram para longe do verdadeiro sentido da igreja.
Não se compare. Não se mate de trabalhar para a sua igreja crescer. Não compre projeto prontos. Faça o básico. O Simples é melhor. O menos é mais.
Deus abençoe a sua semana.