Dia 68

Três velas, mas somente uma luz

27 de novembro de 2023
Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste”.
João 17:20, 21

João, capítulo 17 é conhecido como a “Oração Sacerdotal de Jesus”. Até o versículo 19, o foco da Sua oração está sobre os seus apóstolos. Mas no verso 20, o Senhor olha para o futuro, para os frutos que os seus escolhidos haveriam de produzir.

            Primeiramente, fica clara a menção da Trindade, neste processo de desenvolvimento da igreja. “… aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles …”, será feita em parceria com o Espírito Santo; “… para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti”, juntamente com o Pai e o Filho.

            Em segundo lugar, Jesus ora para que a nossa unidade com Ele, tenha como modelo, a unidade Triúna, que não se resume a uma unidade de parceria, mas também de propósitos.

            Jonh Wesley tem uma explicação interessante sobre esta unidade trina: “Diga-me como nesta sala há três velas, más somente uma luz, e eu lhe explicarei a forma da existência divina”.

            Assim como cada vela pode ser vista de forma separada, cada qual com a sua chama, elas produzem apena uma luz, para iluminar o ambiente.

            Trazendo esta analogia para o contexto da igreja, nós também temos luz. Jesus afirma em Mateus 5:14a: “Vós sois a luz do mundo …”. E essa luz não é produzida por nós mesmo, mas pela nossa união com Cristo: “… Eu Sou a Luz do mundo …”, Jo. 8:12.

            E como a igreja deve reproduzir esta luz? Sendo unida! Em que sentido? O primeiro aspecto da unidade é a comunhão. De que tipo? Visceral. O Pr. Abe Huber, da Igreja da Paz, usa uma ilustração oportuna. Ele diz que se cada crente fosse uma batata, a união que Jesus pede não é que todos estejamos no mesmo saco. Se você olhar um saco de batatas, consegue identificar a maior, a menor, a mais madura, a mais dura etc. Não. A união seria melhor expressa em um purê de batatas. Se você pegar três batatas para um purê, antes de assá-las, conseguirá identificá-las, mas quando as amassar e juntá-las, elas não poderão mais serem identificadas, pois a união entre elas é tão profunda, que elas se tornam “um” purê! Ainda continuam sendo batatas, mas estão amalgamadas.

            Não foi isso que aconteceu em Atos 2:44, 45? Lucas relata: “Todos os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum. Vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade”.

            E este tipo de união não acontece por osmose. Ela precisa ser intencional. Havia uma for intenção em manter a unidade: “… mantinham-se unidos …”. Precisamos pensar e planejar processos que ensinem e intensifiquem este tipo de comunhão.

            Mas era uma união só pela união? Não! Era com o propósito de anunciar Jesus ao mundo. Este é o secundo aspecto da comunhão e tem a ver com o propósito. A comunhão só fará sentido se for inclusiva, quando o olhar para fora, em busca dos perdidos, for o objetivo principal.

            Eu trabalhei com pequenos grupos por quase toda a minha vida ministerial. Quer saber qual foi a minha maior dificuldade? Convencer os crentes de que os grupos não podiam se transformar em “panelinhas”. Eles precisavam ter a visão de crescer e multiplicar. As vezes em que os projetos de pequenos grupos falharam, foram no entendimento deste simples conceito.

Aplicando este pensamento ao ministério, querido pastor, gostaria de desafiá-lo a olhar para a “qualidade” em vez da “quantidade”. Sem medo de errar, afirmo que qualidade traz quantidade, mas quantidade, na esmagadora maioria das vezes, não traz qualidade. A busca apenas pela quantidade levará à rotatividade e ao evangelicalismo nominal.

O modelo de crescimento da igreja apostólica era o discipulado. E para mim (Já falei isso a alguns colegas) não existe separação entre evangelismo e discipulado. O discipulado inclui evangelizar, ensinar, batizar, ensinar, treinar, ensinar, enviar, ensinar, ensinar e ensinar para o resto da vida.

De onde eu tirei esta “heresia”? De Mateus 28: 19, 20: “Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos“.

Qualidade traz quantidade, nem sempre na velocidade que você gostaria.

Deus abençoe a sua semana.

Ore comigo:

Amado Senhor Jesus. Desperta o meu coração para o discipulado intencional. Orienta o meu coração a preparar a igreja que está sob a minha responsabilidade para este Santo objetivo. Eu sei que sempre poderei contar com a sua presença, enquanto estiver fazendo o que o Senhor me chamou para fazer.
O autor:

Rev. Wagner de Sousa

Pastor, graduado em Teologia, Pós-graduado em Psicanálise Clínica, em Neurociência, em Teologia e Práticas Pastorais e em Hipnose Ericksoniana.

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